[ muito bom ]
título original. i may destroy you.
género. drama.
episódios. 12 (5h 10min)
ano. 2020
criador. michaela coel.
protagonistas. michaela coel. weruche opia. paapa essiedu. stephen wight. adam james. karan gill. aml ameen. marouane zotti. harriet webb.
protagonistas. michaela coel. weruche opia. paapa essiedu. stephen wight. adam james. karan gill. aml ameen. marouane zotti. harriet webb.
sinopse. um olhar sobre as relações sociais e amorosas de um grupo de jovens millenials. [imdb]
fui quase a zeros para esta série. tinha visto um segmento na televisão sobre os emmy onde a criadora/produtora/realizadora/protagonista michaela coel agradecia ter ganho o prémio de melhor argumento por i may destroy you, e fiquei curiosa.
londres, 2020. a protagonista é arabella (michaela coel), uma nova escritora que fez sensação com o livro de estreia, "chronicles of a fed-up millenial". agora, com um contrato para um segundo livro, que incluiu um avanço em dinheiro, e com os prazos a "apertar", arabella tem pouco para mostrar aos editores.
é no rescaldo de uma dessas noites com amigos, e já em casa, que arabella acorda desorientada. há uma imagem que lhe vem à cabeça sem parar: um desconhecido em pleno acto sexual com ela.
quando percebe que não foi/é um sonho, arabella tenta descobrir quem é o indivíduo e as circunstâncias que levaram ao episódio que não pára de reviver.
a personagem principal é cheia de contradições, com uma auto-estima reduzida visível em várias situações mas outras onde projecta uma auto-confiança que poderá ser, ou não, real. há ainda a questão da protagonista ser péssima a gerir o pouco dinheiro que tem, vivendo da ajuda dos amigos e não cumprindo o contrato editorial, gastando todo o dinheiro adiantado para o segundo livro, e sendo agressiva quando confrontada com as más escolhas financeiras.
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fui quase a zeros para esta série. tinha visto um segmento na televisão sobre os emmy onde a criadora/produtora/realizadora/protagonista michaela coel agradecia ter ganho o prémio de melhor argumento por i may destroy you, e fiquei curiosa.
li, entretanto, que a série ganhou ainda quatro (!) bafta (melhor mini-série, melhor actriz, melhor argumento e melhor realizador) e muitos outros prémios (glaad, peabody, dorian, black reel, inoca).
não é de admirar. i may destroy you é excelente.
não é de admirar. i may destroy you é excelente.
Imagem: Google Search Engine |
londres, 2020. a protagonista é arabella (michaela coel), uma nova escritora que fez sensação com o livro de estreia, "chronicles of a fed-up millenial". agora, com um contrato para um segundo livro, que incluiu um avanço em dinheiro, e com os prazos a "apertar", arabella tem pouco para mostrar aos editores.
para não ser consumida pelo stress, arabella entra em modo procrastinação total: uma viagem a itália, noitadas, drogas leves.
Imagem: Google Search Engine |
é no rescaldo de uma dessas noites com amigos, e já em casa, que arabella acorda desorientada. há uma imagem que lhe vem à cabeça sem parar: um desconhecido em pleno acto sexual com ela.
quando percebe que não foi/é um sonho, arabella tenta descobrir quem é o indivíduo e as circunstâncias que levaram ao episódio que não pára de reviver.
vemo-la passar pelo processo traumático de se lembrar, apresentar queixa-crime contra desconhecidos (com os consequentes interrogatórios e exames forenses) e recuperar confiança em si mesma e nos outros; ao mesmo tempo, assistimos à forma como isso afecta a imagem que tem de si mesma e as suas relações com os outros.
Imagem: Google Search Engine |
a excelente
forma como a série está escrita mostra como mesmo entre amigos, alguém que foi agredido/violado
se sente alienado e procura camuflar o que sente. toda a dinâmica entre amigos
está muito bem explorada, e percebi ainda algumas nuances ligadas ao facto de
serem millenials negros na londres dos nossos dias - inseridos num contexto que
não conheço muito bem – mas também no contexto mais global das relações
afectivas e sexuais nos tempos modernos em países desenvolvidos (uso de apps
de encontros, agressões sexuais entre homens, a questão do
consentimento (legal e do ponto de vista social – areias movediças…), uso
do preservativo, uso de drogas leves).
adorei a personagem
de kwame (paapa essiedu); um jovem gay que nos dá alguma perspectiva masculina, a nível sexual e amoroso. há cenas cruas,
que poderão ser chocantes para alguns, mas a narrativa mistura elementos sombrios com outros mais leves, o que ajuda a digerir a mensagem. os episódios são curtos (cerca de 30 minutos).
à medida que a história de i may destroy you evolui, arabella tem vários conflitos internos, ora dividida em ser parte activa e envolver-se na investigação policial para descobrir tudo o que lhe aconteceu naquela noite, ora decidida em deixar as coisas correr e dedicar-se à sua recuperação.
há ainda uma
forma muito atual de como o processo de apresentação (e seguimento) da queixa de
uma agressão sexual na polícia é feito. mais uma vez, não conheço bem o modelo inglês mas uma pesquisa online mostra uma
estrutura de apoio robusta (com apoio psicológico regular), que poderá ser ou
não ficcionada e existe para servir a vítima.
Imagem: Google Search Engine |
a personagem principal é cheia de contradições, com uma auto-estima reduzida visível em várias situações mas outras onde projecta uma auto-confiança que poderá ser, ou não, real. há ainda a questão da protagonista ser péssima a gerir o pouco dinheiro que tem, vivendo da ajuda dos amigos e não cumprindo o contrato editorial, gastando todo o dinheiro adiantado para o segundo livro, e sendo agressiva quando confrontada com as más escolhas financeiras.
Imagem: Google Search Engine |
gostei
bastante do final da história, onde arabella imagina vários cenários de
vingança, com um final mais ou menos feliz. ter alguma paz, por pouca que seja,
é preferível a nenhuma.
i may destroy you é uma série difícil
de ver, com pessoas a serem boas e más amigas/companheiras/confidentes/amantes. realista
e brutal q.b.
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. your birth is my birth, your death is my death .
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