domingo, 2 de novembro de 2025

ordem moral

 
[ muito bom ]


título original. ordem moral.
género. drama. biografia.
duração. 1h 41m
ano.
2020
realizaçãomário barroso.
argumentocarlos saboga.
 
protagonistas. maria de medeiros
. albano jerónimo. marcello urgeghe. joão pedro mamede. júlia palha. ana padrão. vera moura. isabel ruth. teresa madruga. dinarte branco. joão arrais.

sinopse. uma herdeira desafia as convenções ao fugir com o seu ex-motorista para viver uma relação adúltera. [imdb]
 
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1918.

portugal vive o caos e a miséria pós-primeira guerra mundial quando maria adelaide coelho da cunha (maria de medeiros, pulp fiction, capitães de abril), herdeira e proprietária do diário de notícias, desaparece. 

o marido, alfredo da cunha (marcello urgeghe, os maias), pede ajuda pelo jornal, desencadeando uma caça ao homem: aos 48 anos, maria adelaide fugiu com manuel claro (joão pedro mamede, lusitânia), o seu ex-motorista, motivada pelo desejo de liberdade e paixão por um homem mais novo.

capturada e declarada uma “degenerada hereditária” pelos alienistas da época, maria adelaide vive meses de violência física e psicológica durante o internamento compulsivo. já manuel claro é preso, acusado de rapto e violação. 

entretanto, alfredo da cunha, aproveitando a interdição da esposa, vende o jornal. 

apesar de tudo, maria adelaide resiste.

ordem moral prende desde a primeira cena, a história de uma mulher que ousou ser livre em 1918, e a quem a sociedade chamou louca e o estado trancou num manicómio.

o filme de mário barroso faz-nos sentir a tensão entre liberdade e poder, e convida-nos a pensar até que ponto a coragem, e o ousar ser diferente, incomodam.

o argumento, sóbrio, não dramatiza de forma exagerada, captando muito bem a década que retrata – de notar o excelente trabalho dos/nos cenários, costumes e maneirismos. 

maria de medeiros brilha como uma mulher que não se submete, e cuja coragem não é celebrada, mas punida. o elenco de apoio é igualmente muito bom.

ordem moral pede atenção na sua narrativa de resistência silenciosa.

o filme foi recipiente de vários prémios, do argumento e interpretações à banda sonora e caracterização de actores

Imagens: Google Search Images

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do que é que têm mais medo? que eu seja louca, que eu seja lésbica, ou que seja tudo isso ao mesmo tempo ?
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sábado, 4 de outubro de 2025

close

  

[ fenomenal ]

título original. close.
género. drama.
duração. 1h 44m
ano.
2022
realizaçãolukas dhont.
argumentolukas dhont. angelo tijssens.
 
protagonistas. eden dambrine
. gustav de waele. léa drucker. émilie dequenne. igor van dessel.

sinopse. a amizade entre dois rapazes fragmenta-se quando um deles se afasta. [imdb]
 
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como é que se mostra a dor, o abandono e a traição sem nada dizer?

close, do realizador belga lukas dhont, responde com uma simplicidade desarmante — e aí reside a sua força.
 

a história segue léo (eden dambrine) e rémi (gustav de waele), dois rapazes à beira da adolescência, inseparáveis desde sempre.

a amizade entre eles é pura e natural, até que os colegas começam a questioná-la. a partir daí, tudo muda: surge a vergonha, 
começa o afastamento, a ternura transforma-se em vazio.


dhont filma o processo sem moralismos nem grandes discursos. a câmara segue os gestos, os olhares, o que não é dito. não há banda sonora a manipular emoções, apenas a realidade crua de crescer num mundo que ainda não sabe lidar com a intimidade masculina.

visualmente, close é deslumbrante — os campos de flores e a luz suave contrastam com a dor das personagens. 

 
é um filme sobre amizade, perda e o peso do que não se consegue dizer.

premiado com o grande prémio de cannes em 2022 e nomeado, do lado belga, ao óscar de melhor filme internacional (ganho pelo excelente filme alemão all quiet on the western front, traduzido a oeste nada de novo), c
lose é um filme que nos deixa em silêncio no final — e que continua connosco muito tempo depois. 

Imagens: Google Search Images

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rémi? não está aqui .
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