domingo, 15 de fevereiro de 2015

12 anos escravo

[ muito bom ]

título original. 12 years a slave.

género. drama. biografia.
duração. 134 min
ano.
2013

realização. steve mcqueen.
argumento. john ridley. solomon northup (livro).

protagonistas. chiwetel ejiofor. michael fassbender. sarah paulson. lupita nyong'o. brad pitt. benedict cumberbatch. alfre woodard.
sinopse. na pré-guerra civil americana, solomon northup, um homem negro livre, é raptado e vendido como escravo. enfrentando a crueldade mas também momentos de inesperada bondade, solomon luta para se manter vivo e preservar a sua dignidade. [imdb]
 
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vencedor da edição dos óscares do ano passado, 12 anos escravo relembra-nos a fragilidade da vida humana e como o garante dos nossos direitos mais absolutos é (ainda) tão recente. em 1841, a viver como um homem livre, solomon northup é raptado e vendido como escravo a uma plantação do sul, de uma forma arrepiantemente simples.
   


com uma carga emocional pesada, ainda mais se pensarmos que este bastião da democracia (um título bastante contestado actualmente) que são os estados unidos da américa permitiu toda esta barbárie há pouco mais de 150 anos, 12 anos escravo, provoca reacções várias no espectador, mantendo-o numa incredibilidade constante perante a crueldade humana.  

apesar de portugal ter sido dos primeiros países a abolir a escravatura, os efeitos práticos demoraram mais de um século a fazer-se sentir, o que ilustra como era um hábito enraizado, considerado aceitável e, claro, extremamente lucrativo para muitos grupos económicos, envolvendo o comércio de milhões de escravos. isto ajuda a perceber um dos muitos porquês da história de solomon (e tantos outros, anónimos) ser possível.



sem documentos que provem a sua identidade (e liberdade), solomon, agora platt (nome que lhe é imposto), tem de esconder a sua educação e cultura (um conselho que lhe dão desde cedo) para sobreviver aos maus tratos e trabalhos forçados que os donos lhe impõem. sobrevive em sobressalto enquanto arranja uma forma de provar o seu direito à liberdade e voltar a ver a sua família.

pelo meio, tem vários "donos", conhece inúmeros escravos e inúmeras histórias, é vítima de violência diária e assiste à forma impune como os proprietários das plantações (com a lei sulista do seu lado) tratam os escravos como objectos, detendo sobre eles o direito de fazerem o que bem entenderem. vê as consequências de ceder ao desespero e apesar de viver cada dia aterrorizado, não desiste de voltar a ser um homem livre.



na plantação onde vai viver a maior parte dos seus anos de escravatura, solomon/platt conhece patsey, uma escrava que, mesmo sendo a preferida de epps, o proprietário da plantação, não tem uma vida mais fácil, sendo objecto de uma obsessão paranóica e uma vigilância (e assédio) constantes que levam a maus tratos físicos frequentes.



epps acredita que o seu direito sobre os escravos é biblicamente aceite e ninguém o contesta, pois ele é "o" senhor na sua plantação, onde determina quotas diárias de apanha de algodão exigentes e castiga os escravos menos produtivos para dar o exemplo de tudo e de nada.

passado algum tempo, estamos cansados de tanta crueldade, mas esta nunca soa a sensacionalista. a personagem de solomon (numa interpretação fantástica de chiwetel ejiofor) é tão tocante que ficamos envolvidos na sua história e queremos a todo o custo que o final seja feliz, depois de tantos desfechos infelizes e violência e mortes sem sentido.



o absurdo da escravatura é bem ilustrada numa cena em que a escrava patsey é abordada quando volta de uma visita a uma plantação vizinha; o diálogo é tão irreal que parece impossível. mas patsey acaba castigada e solomon tem de se submeter a regras absurdas para conseguir sobreviver mais um dia.


doloroso e honesto (a sua precisão histórica é bastante elogiada por vários especialistas na área), 12 anos escravo puxa à lágrima. michael fassbender faz um papel brilhante e chiwetel ejiofor está perfeito (ainda não vi dallas buyers club, por isso não sei se matthew mcconaughey está melhor ou não, e se foi o justo vencedor do óscar de melhor actor desse ano); chegamos ao final do filme igualmente desiludidos e orgulhosos da natureza humana, mas também com a sensação de que este final feliz não foi possível para muitas histórias que ficaram por contar.

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. i don't want to survive. i want to live !

. if you want to survive, do and say as little as possible. tell no one who you really are and tell no one that you can read and write. unless you want to be a dead nigger .

. sometimes, you have to beat it from them .
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domingo, 8 de fevereiro de 2015

o clube de leitura de jane austen

[ muito bom ]

título original. the jane austen book club.

género. drama. romance.
duração. 106 min
ano.
2007

realização. robin swicord.
argumento. robin swicord. karen joy fowler (livro).

protagonistas. emily blunt. maria bello. kathy baker. hugh dancy. maggie grace. amy brenneman. jimmy smits.
sinopse. quando cinco mulheres e um homem se juntam para debater os tão apreciados romances de jane austen, concluem que os problemas de emma, mr. darcy e das irmãs bennet não são assim tão diferentes dos seus. [imdb]
 
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sou fã de jane austen. ainda não consegui ler todos os seus livros, mas já vi várias das adaptações, tanto no cinema (orgulho e preconceito, emma) como na televisão (lost in austen, orgulho e preconceito).
a sua obra mantém uma frescura e uma magia extremamente apelativas, mesmo depois de a lermos mais do que uma vez, o mesmo se aplicando às adaptações; ainda não vi uma que não fosse boa, mas aí sou completamente parcial.
   

em o clube de leitura de jane austen, adaptado do best-seller de karen joy fowler (editado em portugal por uma editora que, entretanto, faliu), cruzam-se as histórias de seis pessoas que se juntam para formar o clube de leitura de jane austen, lendo um livro por mês. 


bernardette, divorciada seis vezes (!), tem a ideia de formar o clube quando conhece prudie, uma professora de francês em plena crise matrimonial. rapidamente se lhes juntam sylvia, que vê o marido sair de casa depois de 20 anos de casamento, e a filha allegra, uma lésbica que não consegue manter a mesma parceira muito tempo; jocelyn é casamenteira e vive intensamente a sua profissão de criadora de cães, e grigg, o único homem do grupo, é um génio informático que adora ficção científica.


os enredos das obras interligam-se com os problemas modernos de cada um deles, o que torna o argumento bastante interessante. temos o medo do compromisso, a crise conjugal, a infidelidade, a quebra de confiança, o amor, a amizade, sendo que cada personagem (mais ou menos inconscientemente) fica com o livro que mais identifica a etapa da vida em que se encontra.


o filme é despretensioso e muito bom. a produção é simples, a banda sonora é adequada e o argumento é excelente. claro que há estereótipos e o previsível final feliz para todos, mas o elenco é muito bom (mesmo!) e os temas são tão universais que toda a gente se identifica, ao ponto de quem não leu todos os livros de jane austen (o que é o meu caso) não perder nada do que se passa.


gosto particularmente da cena inicial, onde se ilustra o quotidiano das pessoas, que alterna entre dias bons e menos bons, e onde nos reconhecemos imediatamente.

o clube de leitura de jane austen é um daqueles filmes que sei que vou rever sempre que surgir a oportunidade. um excelente chick flick (um filme "feminino" de e para mulheres) que me deixou curiosa em ler o livro original e continuar a leitura das obras de jane austen; há melhor cinema do que aquele que nos quer fazer saber mais?

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. isn't physical attraction one of the ungovernable forces? you know, like gravity... that's what we like about it. downhill, release the brakes, loosen the grip and then... whoosh!

. being the only child of a woman who gave birth in a commune after changing her name to skygirl, i've come to loath hippie-handie crafts .

. he looks at me like he's the spoon, and I'm this dish of ice cream .
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