domingo, 23 de março de 2014

um quente agosto

[ muito bom ]

título original. august: osage county.

género. drama.
duração. 121 min
ano.
2013

realização. john wells.
argumento. tracy letts.
protagonistas. meryl streep. julia roberts. sam shepard. chris cooper. benedict cumberbatch.
sinopse. a morte do patriarca da família weston junta toda a família, originando discussões em redor de rancores passados. [imdb]
 
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um quente agosto / august: osage county combina o raro duo de um elenco espectacular com um argumento inteligente e credível.

apesar de haver, certamente, algumas pessoas a não se identificarem com a acção, muitas mais serão aquelas que vão reconhecer semelhanças na dinâmica dos weston, uma família disfuncional que é obrigada a reunir-se quando o patriarca da família morre, o que origina as discussões e turras habituais.


no centro do terramoto está violet (uma meryl streep excelente), a viúva com cancro viciada em comprimidos, a pessoa mais conflituosa da família, disparando em todas as direcções e não deixando que as três filhas se esqueçam que quem manda ainda é ela.


julia roberts é barbara, a filha favorita que se recusa a ser manipulada pela mãe e que revela os mesmos maneirismos que ela, principalmente na relação com o marido e a filha adolescente. juliette lewis é karen, a irmã tontinha, que traz o noivo ao funeral do pai, um homem mais velho que conduz um ferrari e fuma erva. julianne nicholson é ivy, a irmã que ficou em osage county e tomou conta dos pais todos estes anos, uma mulher ainda cheia de sonhos e projectos, que vê na morte do pai a libertação de uma vida cinzenta.

ao grupo junta-se a restante família, cada um com a sua relação disfuncional e um ténue desrespeito pelos restantes, o que dá origem a troca de galhardetes constantes e uma cena de jantar poderosíssima, onde violet diz o que pensa de todos, sem filtros.


um quente agosto / august: osage county traz o calor (estamos no infernal mês de agosto) e pavio curto das personalidades de uma southern america, numa reunião forçada que ninguém deseja e que dá origem às picardias habituais e conflitos, com novas revelações e muitos desgostos entre os weston, onde meryl streep brilha mais alto com uma violet de ferro, que acaba por inspirar mais pena do que raiva (o monólogo de um natal permite-nos perceber a razão porque é uma mulher tão dura).


em duas horas cheias de talento servido por um elenco de topo, o filme retrata a família que ninguém quer ter, numa montanha-russa de agressões verbais e sorrisos amargos, mas que se torna impossível não acompanhar. o final é simples e toda a acção fácil de seguir, o que comprova que não é preciso intelectualizar para falar de coisas sérias.

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. thank god we can't tell the future, we could never get out of bed . 

. the only woman pretty enough not to wear makeup was elizabeth taylor, and she wore a ton .
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domingo, 2 de março de 2014

morte em pemberley (bbc)

 [ bom ]

título original. death comes to pemberley.
género. drama. romance.
episódios. 3 (176 min)
ano.
2013

realização. daniel percival.
protagonistas. matthew rhys, anna maxwell martin, matthew goode. trevor eve.
sinopse. na véspera do sumptuoso baile anual em pemberley, o quinto de elizabeth como mrs darcy, um cadáver é encontrado na propriedade, atraindo atenções indesejadas sobre a família darcy e ameaçando manchar o seu bom nome. [imdb]

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morte em pemberley traz o selo de qualidade da bcc e consegue um feito raro: ser melhor do que a obra homónima em que se baseia, escrita por pd james (que já li e comentei aqui), em mais uma sequela do famoso clássico de jane austen, orgulho e preconceito.

ao longo de três episódios, reunimo-nos com os darcy e os seus mais íntimos, em pemberley, para desvendar o crime que leva a que todos os olhos se voltem para a propriedade: o assassinato do capitão denny e a acusação de george wickham como o autor do crime.


uma lizzy muito pouco fiel à obra
a acção da mini-série passa-se seis anos após o casamento de lizzy e darcy, que contam com dois filhos (só aparece um deles na série), muitos amigos e uma vida desafogada. lizzy anda atarefada a organizar o baile anual em pemberley, apurando os últimos pormenores e lutando pela aceitação entre a aristocracia da região (os bennett nunca foram ricos e alguns ainda comentam que a riqueza de darcy foi uma das razões determinantes ao "sim" de elizabeth).

o melhor george wickham que já vi!
assim, o ambiente é de festa e antecipação em pemberley, mas uma tragédia vai ensombrar a propriedade e os seus ocupantes: no bosque da propriedade, é encontrado o cadáver de um jovem oficial, um dos melhores (e raros) amigos de george wickam, que vê cair sobre si as suspeitas do crime, manchando o nome da família e atraindo todos os olhares, e falatório, à mansão dos darcy. a investigação inicia-se, com wickam a tentar escapar à força e clamando inocência e os darcy envolvidos num escândalo que vai ameaçar a sua pacatez e reputação. 


em termos de acção, a mini-série é relativamente fiel ao livro de pd james, ocultando as partes mais aborrecidas mas também alguns pormenores chave, o que não arruinou o desenrolar da história mas que me fez ficar contente em ter lido o livro e poder preencher as lacunas. 

em relação aos actores, a escolha dos protagonistas foi ao lado, com uma lizzy muito insonsa e apagada (a anos-luz da personagem original) e um darcy discreto mas pouco imponente. gostei muito mais do elenco de actores secundários, principalmente wickam e lydia, mais fiéis ao "boneco". os cenários foram muito bem escolhidos mas o guarda-roupa é pouco mais do que satisfatório (lizzy usa sempre o mesmo vestido com um penteado de trazer por casa e cara lavada; em séries de época, a caracterização é crucial e aqui revelou-se muito pobrezinha, ainda mais porque a personagem nem tem o humor nem o brilho da lizzy dos livros).



é sempre bom ver uma adaptação (mesmo que de uma sequela adaptada livremente) de orgulho e preconceito, mas umas resultam melhor do que outras; morte em pemberley tem o condão de ter resultado melhor em televisão do que no livro de pd james, mas as personagens principais não têm o carisma das originais, a acção foi atabalhoada para caber em três episódios e o saldo final é modesto; até hoje, a série de 1995 e o filme de 2005 continuam soberanos. o restante que tem sido feito entretém e pouco mais.
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. we have all sinned, mr darcy, and we cannot look for mercy without showing it in our lives .
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