domingo, 27 de julho de 2014

sem limites

[ muito bom ]

título original. limitless.

género. thriller.
duração. 105 min
ano.
2011

realização. neil burger.
argumento.
leslie nixon.
protagonistas. bradley cooper. robert de niro. abbie cornish. anna friel.
sinopse. um aspirante a escritor vê a sua vida mudar radicalmente quando o ex-cunhado lhe dá a experimentar nzt, um novo e revolucionário fármaco que exponencia o potencial de quem o toma. [imdb]
 
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o aspirante a escritor eddie morra está desnorteado. o adiantamento que recebeu para o livro está a escassear, o livro está a anos-luz de estar acabado, e a namorada, farta da relação desequilibrada que têm, manda-o dar uma volta.

quando o ex-cunhado se cruza com ele, eddie está em baixo; acabam os dois num bar, recordando o passado e recapitulando o presente. antes de sair, o "amigo" deixa a eddie a última sensação do momento, apenas acessível aos endinheirados: nzt, um comprimido que promete levar a mente a locais nunca antes acedidos. assim que a droga faz efeito, eddie vê a vida de uma cor inédita: acaba o livro em 4 dias, percebe o que tem de fazer para ser bem sucedido e em algumas semanas, muda a sua vida.


assente na premissa de um comprimido que permite o uso do cérebro a 100% (em vez dos 20% cientificamente provados) e ao que isso pode levar, sem limites transmite espectacularmente o efeito vertiginoso da nzt-48 através de fantásticos efeitos visuais e animações. o argumento foca-se na ascensão de eddie morra de escritorzeco com trocos contados a analista financeiro com vários milhões na conta bancária a desfrutar do melhor da vida.


gosto do ritmo vertiginoso do filme e bradley cooper faz um excelente trabalho com uma personagem oscilante. o resto do elenco é competente, embora decorativo; de niro não tem grandes hipóteses de brilhar porque o papel não permite mais. é raro haver uma justificação para um visual tão artístico (quase todas as cenas têm um pormenor elaborado), mas aqui justifica-se - e adora-se.


se tivesse de apontar o menos bom, seria a mensagem do filme. o que faz alguém com um acesso privilegiado ao conhecimento e uma compreensão extraordinária da natureza humana? erradica a pobreza, a fome? arranja uma forma de melhorar a vida de milhões de pessoas? investiga uma cura para o cancro? não. antes se promove e enriquece, arranjando uma forma de ter ainda mais poder e ascendente sobre terceiros. presumo que depende da mente...

baseado no livro dark fields (que fiquei curiosa em ler), sem limites é uma delícia para quem gosta de thrillers inteligentes com um cheirinho de ficção científica. o conceito é original, a acção é intrigante e o saldo é tão bom que estou disposta a desculpar o final algo desenxabido (assim como a piadinha envolvendo os portugueses no início da ascensão de eddie morra).

gostava de ver mais (bons) filmes semelhantes a este.

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. what was this drug? i couldn't stay messy on it, i hadn't had a cigarette in six hours, hadn't eaten, so... abstemious and tidy? what was this? a drug for people who wanted to be more anal retentive ?
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domingo, 13 de julho de 2014

as confissões de schmidt

[ bom ]

título original. about schmidt.

género. drama.
duração. 125 min
ano.
2002

realização e argumento. alexander payne.
protagonistas. jack nicholson. dermot mulroney. hope davis. kathy bates.
sinopse. aos 66 anos, warren schmidt encontra-se numa encruzilhada. a sua reforma está à porta, a sua mulher acabou de falecer e a sua única filha quer casar com um vendedor de colchões de água. [imdb]
 
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warren schmidt trabalha no ramo dos seguros desde sempre. a sua vida é uma rotina confortável, onde o tempo se desenrola sem sobressaltos. o trabalho, o casamento, os relacionamentos humanos são todos muitos previsíveis e costumeiros.

o seu jantar de despedida tem o impacto de uma bala. forçado a reformar-se, schmidt vê-se perante um novo dia-a-dia, num quotidiano onde a sua empresa já não conta com ele e onde a esposa passou de uma zeladora carinhosa a uma velha irritante.


em poucos dias, a vida de warren leva uma volta de 180 graus. reformado e viúvo (a esposa tem um ataque fulminante), sem nada que o anime, recebe a notícia de que a filha vai casar. decidido a incluir-se na vida da sua única descendente, faz a viagem e vai conhecer a sua nova família, que não se revela brilhante, com tiques e modos uns poucos furos acima do chunga.


o filme é seco e realista, roçando o deprimente. há situações tão credíveis que nos deixam a pensar em ir ao fundo do poço, safando-nos do buraco negro com uma piada ocasional. nicholson é brilhante e o seu schmidt é pateticamente palpável e real, um homem apático habituado a ser um choninhas; as cenas finais revelam quão miserável pode ser a vida de alguém quando nos acomodamos.
 

de uma forma inteligente, o realizador consegue abordar temas complicados sem intelectualizar o filme. as personagens não são caricaturas, os cenários não distraem, os diálogos doseiam a acção sensatamente.

longe de ser uma comédia (mesmo que negra), as confissões de schmidt ilustra a vida de muitas pessoas que já conhecemos, antes e agora e amanhã. apesar da realidade visada ser a americana, tem traços transversais ao ser humano: o cinzentismo, a inércia, o medo, o vazio.

um bom filme que causa algum desconforto por ser uma lição de vida bastante lúcida.

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. relatively soon, i will die. maybe in 20 years, maybe tomorrow, it doesn't matter. once i am dead and everyone who knew me dies too, it will be as though i never existed. what difference has my life made to anyone. none that i can think of. none at all .
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domingo, 6 de julho de 2014

the mist - nevoeiro misterioso

[ bom ]

título original. the mist.

género. terror. suspense.
duração. 126 min
ano.
2007

realização e argumento. frank darabont.
protagonistas. thomas jane. marcia gay harden. laurie holden. toby jones.
sinopse. uma estranha tempestade gera um nevoeiro que envolve por completo uma pequena cidade. um grupo de habitantes fica preso no supermercado local, onde tem de lutar pela vida. [imdb]
 
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numa cidade pequena onde todos se conhecem, os efeitos de uma tempestade agressiva fazem-se sentir no dia seguinte: árvores arrancadas, vidros partidos, carros amolgados. pressentindo uma continuação, várias pessoas acorrem ao supermercado local, abastecendo-se para uma eventual catástrofe.

ao mesmo tempo, uma estranha neblina desce sobre a cidade, uma nuvem branca que engole quem passa sem deixar sobreviventes. com algum alarme e pânico à mistura, as dezenas de pessoas no supermercado ficam isoladas, o que vai resultar numa luta pela sobrevivência e um olhar crítico ao instinto de sobrevivência e civilidade mascarado de drama apocalíptico.


pouco conseguidos estão os efeitos especiais, o que não faz grande mossa, pois este não é um filme-pipoca. o que conta e enche o olho é o elenco talentoso (frances sternhagen, toby jones, marcia gay harden), que dá vida a uma história que simultaneamente surpreende e entristece, e a forma hábil como darabont conduz a acção. há alguns estereótipos, necessários à trama, mas tudo se conjuga harmoniosamente.


o final causou alguma polémica por não reunir consenso entre cinéfilos, mas eu gostei bastante; remata o filme com o tom certo. o final esperado não teria o mesmo impacto e, pessoalmente, só dispensava mesmo era a música irritante utilizada na cena final; thomas jane, o herói de serviço, surpreendeu num papel de maior profundidade que o habitual e é a imagem do desespero num mundo frio.



the mist - nevoeiro misterioso tem tudo o que um filme de terror precisa para ser bom: é assustador, atmosférico e tem personagens interessantes.

depois de à espera de um milagre e os condenados de shawshank, esta é a confirmação de que frank darabont é o realizador indicado para adaptar king ao cinema. as suas adaptações são soberbas, com um toque de humanidade e ambiente difíceis de igualar.

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. (...) as long as the machines are working and you can dial 911. but you take those things away, you throw people in the dark, you scare the shit out of them. no more rules .
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