sexta-feira, 31 de agosto de 2012

até ao inferno


título original. DRAG ME TO HELL

realização. sam raimi.
argumento. sam raimi. ivan raimi.
protagonistas. alison lohman. justin long. lorna raver. david paymer.
género. terror.
duração. 99 min
ano.
2009
sinopse. christine é uma analista de crédito que espera ser promovida. quando uma velha cigana vai ao banco implorar pelo pagamento da sua hipoteca, christine não a ajuda. revoltada, a idosa lança-lhe uma terrível praga. [imdb-do-filme]

avaliação
[ bom ]



até ao inferno
é um filme de terrir, ao bom estilo de sam raimi. apesar de ter partes assustadoras, contém também cenas que distraem o espectador do horror que povoa a história.


christine é uma jovem ambiciosa e esforçada, que está de olho numa promoção no banco onde trabalha. para impressionar o chefe, tenta ser mais calculista e fria, de forma a aumentar a taxa de lucro dos empréstimos. porém, escolhe mal o dia para ser impiedosa quando uma cigana vai à instituição pedir um alargamento da hipoteca da casa, por motivos de saúde; quando é recusada, a velha lança uma praga a christine que vai mudar a vida da jovem para sempre.

o que se segue é o terror de christine ao ser confrontada com manifestações espíritas assustadoras, que a levam a procurar um vidente para quebrar a maldição.

a velha dá-lhe nos esteróides

o ritmo do filme é bom e as personagens empáticas. adoro a forma como a cigana é retratada e o gore exagerado em algumas cenas. há cenas previsíveis mas isso não prejudica o filme e dá-lhe alguma credibilidade. os efeitos especiais são medíocres para 2009, mas fazem parte da assinatura do realizador.

alison lohman é bastante convincente como christine e lorna raver faz uma cigana fantástica, absolutamente memorável, desde os tiques ao tom de voz. o filme acaba rápido (hora e meia) mas está bem estruturado, sem pontas soltas.

eu gosto deste até ao inferno, cujo maior trunfo é a protagonista e a cigana, muito bem conseguidas, e suficientes para se demarcarem do banal.

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curiosidade: a matrícula do carro de sylvia ganush é 99951; ao contrário, lê-se is666.

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. honey, i'm working a job where tips is my living, and coffee drinkers don't tip !

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domingo, 26 de agosto de 2012

juno


título original. JUNO

realização. jason reitman.
argumento. diablo cody.
protagonistas. ellen page. michael cera. jason bateman. jennifer garner.
género. comédia. drama.
duração. 96 min
ano.
2007
sinopse. juno tem 16 anos e está grávida. ao início opta pelo aborto, mas muda de ideias, decidindo-se pela adopção, o que lhe vai trazer algumas complicações. [imdb-do-filme]

 

avaliação [ bom ]


juno é um filme que nos deixa com um sorriso quando começa o genérico final. ficamos com a sensação de que vimos um filme de qualidade, com diálogos divertidos e personagens raras. juno é um filme fixe.

a base da história é a de uma adolescente que, na sua primeira vez, fica grávida. juno é uma maria-rapaz com boa onda e despreocupada com a opinião dos outros, mas engravidar do melhor amigo aos 16 anos abala qualquer um e com ela não é diferente. apesar de ter uma família espectacular e uma melhor amiga que não gasta tempo a criticar o que é impossível de desfazer, o aborto parece a melhor hipótese.

no entanto, juno desiste da ideia e decide publicar um anúncio no jornal à procura de pais adoptivos para o bebé. quem responde ao anúncio é um casal cujo estilo de vida não tem nada a ver com o da mãe biológica, o que vai originar uma dinâmica interessante. se juntarmos a isso diálogos engraçados, uma protagonista refrescantemente original e uma forma de encarar a vida tão sana que parece amalucada, temos um filme que inova um tema gasto e que degenera, muitas vezes, em dramas de matiné.


o filme vale pelo argumento, pelas boas interpretações e por uma actriz principal muito talentosa e que encarna um juno irrepreensível, sarcástica e inconsequente como só uma adolescente pode ser
.

porém, as mesmas coisas que mais gostei no filme são as menos positivas: juno vive no seu mundinho (e tem a sua própria linguagem) e pensa que controla a maior parte da situações, quando isso não é real. uma gravidez na adolescência não é certamente uma experiência tão leve como aparenta no ecrã nem é qualquer progenitor que acata as decisões da filha sem um ai ou concorda com pais adoptivos sorteados de um anúncio de jornal para perfilhar um neto; é irreal, no mínimo.

claro que isto não interfere com o prazer com que se vê o filme, mas nem a gaiatice de juno esconde o facto da mesma ultrapassar a gravidez adolescente e o aborto com a mesma facilidade com que descarta um cd de uma banda foleira, o que não passa a melhor mensagem do mundo a jovens espectadores.  

fora isso, é um bom filme.


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curiosidade: juno é a esposa de júpiter e a rainha dos deuses; representa a fertilidade e o casamento. no canadá, onde o filme foi rodado, tem um grande simbolismo: "juno" era o nome de código da praia onde as tropas canadianas desembaracaram no dia d, e onde morreram cerca de mil soldados a tentar defendê-la; "juno" é também o nome dos prémios de música (os "grammy" do canadá).


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. you should've gone to china, you know, 'cause I ihear they give away babies like free ipods. you know, they pretty much just put them in those t-shirt guns and shoot them out at sporting events .

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sábado, 18 de agosto de 2012

o cavaleiro das trevas renasce



título original. THE DARK KNIGHT RISES

realização. christopher nolan.
argumento. jonathan e christopher nolan.
protagonistas. christian bale. tom hardy. anne hathaway. gary oldman. michael caine. morgan freeman.
género. acção. aventura.
duração. 165 min
ano.
2012
sinopse. passaram oito anos desde que batman desapareceu, assumindo a culpa pela morte de harvey dent; gotham já não tem criminalidade graças à lei do procurador. tudo muda com a chegada de bane, um mascarado que aterroriza a cidade. [imdb-do-filme]

avaliação
[ muito bom ]



o cavaleiro das trevas renasce
encerra a trilogia batman de christopher nolan, que assumiu a responsabilidade como realizador e argumentista, e colocou o muito talentoso bale como o homem-morcego. o saldo excede o positivo, este filme é excelente e a trilogia tem os 3 melhores filmes do super-herói.


a história deste filme passa-se oito anos após a morte do incorruptível harvey dent, em o cavaleiro das trevas. batman assumiu a morte do procurador e permitiu que ficasse para a posteridade como um herói; a lei anti-crime de dent destruiu o crime organizado na cidade de gotham e os polícias não têm grande trabalho, ocupados com pequenos delitos e patrulhas calmas.

bruce wayne também desapareceu de vista, vivendo como um eremita na sua mansão, comunicando apenas com alfred. atormentado pela tristeza de ter perdido rachel, sente que o seu sacrifício é justificado pela paz que se vive em gotham e anula-se completamente, longe de todos, num exílio auto-imposto.

ele é 'o' batman

o argumento é complexo. o cavaleiro das trevas renasce é envolvente, profundo e mexe com as emoções do espectador. a história tem várias reviravoltas e trata temas como a dor, o luto e a capacidade de se ultrapassar situações que nos deitam abaixo. a capacidade deste batman de se reinventar é imensa sem deixar de ser credível.

várias personagens têm origens modestas ou infâncias traumáticas, mas não se permitem ser vítimas. as múltiplas mensagens que o filme contém tornam-no muito rico mas também permite que cada um retire algo substancial da história; isso é raro. removendo a complexidade, resta muita acção e adrenalina, para compensar quem vai ao filme pelos efeitos visuais e sonoros, sem pensar muito. são mais de duas horas e meia de fita, mas não se dão por nada, pois o filme nunca se torna cansativo.


adooooro esta moto! (hint for x-mas)

as interpretações do filme são boas, com muitas caras conhecidas e estrelas (entre oscarizados e nomeados para óscares), e apreciei bastante o rumo escolhido para as personagens de selina kyle e john blake. temos medo dos vilões, torcemos pelo batman, sentimos entusiasmo pelo que se segue; fossem todas as idas ao cinema assim! 

o cavaleiro das trevas renasce é muito bom. aliás, é tão bom que conseguiu manter a fasquia dos filmes anteriores e elevá-la, a cereja no topo de uma trilogia fantástica. vou sentir a falta deste batman e da mestria de nolan, a-d-o-r-e-i.
 

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curiosidade: os bilhetes para a ante-estreia do filme, em nova iorque, esgotaram seis meses antes da exibição.
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. there's a storm coming, mr wayne. you and your friends better batten down the hatches, because when it hits, you're all gonna wonder how you ever thought you could live so large and leave so little for the rest of us .

. not a lot of people know what it feels like to be angry, in your bones. i mean, they understand, foster parents, everybody understands, for awhile. then they want the angry little kid to do something he knows he can't do, move on. so after awhile they stop understanding. they send the angry kid to a boys home. i figured it out too late. you gotta learn to hide the anger, practice smiling in the mirror. it's like putting on a mask .

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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

a mosca


título original. THE FLY


realização. david cronenberg.
argumento. charles edward pogue.
protagonistas. jeff goldblum. geena davis. john getz. david cronenberg.
género. terror. ficção científica.
duração. 96 min
ano.
1986
sinopse. seth brundle é um cientista que inventou dois pólos de teleporte de matéria. mas algo de errado acontece quando seth se usa como cobaia numa transmissão e os seus genes são acidentalmente fundidos com uma mosca. [imdb-do-filme]


avaliação
[ muito bom ]



a mosca
é considerado um dos filmes-estrela de david cronenberg e um clássico do terror.


a história segue o excêntrico seth brundle, um cientista brilhante que contacta a jornalista veronica quaife para que esta documente a sua fantástica descoberta: o teleporte de matéria. porém, seth apenas consegue teleportar matéria inanimada, mas com a ajuda da jornalista, o inacreditável acontece e conseguem teleportar um ser vivo. iniciam, entretanto, uma relação amorosa.

uma noite, emocionalmente instável depois de uma discussão com veronica e já bem bebido, seth decide teleportar-se a ele próprio, sem saber que uma mosca entrou na cápsula. o resultado é uma mutação genética de seth com a mosca, que o vai tornar um mutante e um perigo para os que o rodeiam.


he's sexy and he knows it!

as interpretações do filme são boas, mas goldblum é excelente, muito bom mesmo. a forma como seth se desumaniza e vai mudando a forma como olha e se relaciona com terceiros tem uma perigosidade alarmante. juntando isso à sua decomposição humana e à vulnerabilidade quando lida com veronica resulta em cenas arrepiantes, extremadas pelo facto de nada voltar a ser como dantes e ambos saberem disso (o que inclui o espectador, que torce por seth; eu torci, pelo menos). 

o filme é assustador, com cenas dramáticas bastante fortes, mas não deixa de ser comovente e triste, quando percebemos o final inevitável.

a mosca é um filme de terror raro, de tão bom que é.
 

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curiosidade: tim burton foi o realizador escolhido originalmente para o filme, mas não ficou no projecto.
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. i'm saying i... i'm an insect who dreamt he was a man and loved it. but now the dream is over... and the insect is awake .

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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

miss austen regrets


título original.
MISS AUSTEN REGRETS

realização. jeremy lovering.
argumento. gwyneth hughes.
protagonistas. olivia williams. greta scacchi. hugh bonneville. imogen poots.
género. drama. biografia.
duração. 90 min
ano.
2008
sinopse. o filme retrata os últimos anos de vida da escritora jane austen, que morreu aos 41 anos, em 1817. [imdb-do-filme]


avaliação
[ bom ]

sou fã de jane austen e, embora ainda não tenha conseguido ler todos os seus livros, já vi várias adaptações dos mesmos, no cinema (orgulho e preconceito, emma) e na televisão (lost in austen, orgulho e preconceito). a sua obra mantém, ainda hoje, a mesma frescura e magia, até na releitura
.


miss austen regrets retrata os últimos anos de vida da autora, que morreu aos 41, vítima de doença prolongada. a história baseia-se em cartas trocadas entre jane e a sobrinha fanny e a irmã cassandra.

a acção começa com a escritora já trintona e com os livros s
ensibilidade e bom senso, orgulho e preconceito e mansfield park já publicados. o filme acompanha a escrita de emma e persuasão, enquanto assistimos ao arrependimento de austen em relação a situações ligadas ao quase casamento por que passou, principalmente quando a família a pressiona pelas suas escolhas.

 ah pois é, conformem-se!

olivia williams dá vida a uma jane austen perspicaz, inteligente e muito divertida, com uma visão mordaz das relações amorosas. porém, a escritora sofreu com as restrições da época e com as críticas de familiares, apesar das vendas dos seus livros lhe permitirem viver com dignidade.

a mensagem que fica é a de que jane austen não conseguiu, nem quis, abrir mão das suas obras para viver ao lado de um marido, nem mesmo de um grande amor, algo bastante irónico: afinal, a mulher que melhor descreveu o amor, abdicou do mesmo para poder ser livre.
o filme integral está disponível no you tube para visionamento, legendado em português, a primeira parte está no vídeo abaixo; melhor é impossível.

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. because my clever words will soon be the only thing that will put a roof over my head. or over my mother’s. or over my sister’s. i’m to be my own husband it seems .

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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

despojos de inverno


título original. WINTER'S BONE

realização. debra granik.
argumento. debra granik. anne rosellini.
protagonistas. jennifer lawrence. john hawkes. garret dillahunt. dale dickey.
género. drama. mistério.
duração. 100 min
ano.
2010
sinopse. ree tenta encontrar o pai a todo o custo, para evitar perder a casa de família. a jovem desafia os códigos de conduta que imperam na comunidade, arriscando a vida para salvar a sua família. [imdb-do-filme]

avaliação
[ muito bom ]



despojos de inverno / winter's bone
é um filmaço, senti-o desde o início, e a ideia reforçou-se ao longo do filme. a qualidade da cinematografia e da narrativa destacam-se claramente.


o argumento é adaptado do romance, publicado em 2006, de daniel woodrell, famoso pelo seu estilo "country noir". nele, seguimos a história de ree dolly, uma rapariga  determinada que vai desafiar a mentalidade patriarcal da comunidade onde vive, imersa entre a pobreza rural de subsistência e o fabrico de drogas caseiras. a jovem tenta defender com unhas e dentes o que resta à família dolly: a casa onde vivem. ela, os irmãos mais novos e a mãe senil vão ficar na rua se o pai, um foragido da polícia que deu a casa como fiança, não se entregar. como ree não acredita em milagres (nem na competência das autoridades), decide investigar sozinha e procurar o pai.



mas a tarefa não é fácil: nas montanhas ozarks, valoriza-se a discrição e cada um mete-se na sua vida. ree é recebida com rostos fechados e ameaças veladas, mas à medida que avança e faz progressos, provoca situações que vão pôr à prova a sua força e coragem. 

as interpretações do filme são soberbas, bastante cruas; tanto jennifer lawrence como john hawkes são avassaladores. a história é sombria mas equilibrada, e não cai no erro do melodrama ou da exploração de temas batidos. a carga dramática é forte sem se tornar desconfortável.
 

este é um filme que dificilmente agradará a todos, mas foi justamente nomeado para quatro óscares. é uma jóia do cinema independente e um dos melhores filmes que vi este ano.
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curiosidade: para o papel de ree dolly, jennifer lawrence teve de aprender a lutar, cortar lenha e esfolar esquilos.


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. never ask for what oughta be offered .

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