sábado, 24 de agosto de 2013

esquecido



[ razoável ]

título original. oblivion.

género. ficção científica.
duração. 124
min
ano.
2013

argumento. karl gajdusek. michael arndt.
realização. joseph kosinski.
protagonistas. tom cruise. morgan freeman. olga kuylenko. nikolaj coster-waldau.
sinopse. jack harper é um dos últimos reparadores de drones no planeta terra, usados para extrair recursos vitais após décadas de guerra. a sua missão está quase concluída, mas algo acontece e a partida é adiada. [imdb]

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depois de uma batalha contra invasores alienígenas, que deixou os recursos da terra nas últimas e forçou os sobreviventes a colonizarem titan, já não há espaço nem condições para se continuar a habitar o nosso planeta. jack e victoria são a última equipa de técnicos ainda presente no terrenos, encarregados de extrair qualquer meio que possa ser útil à vida dos colonos (água, minério, etc.) em titan.



a duas semanas de concluírem a missão, e juntarem-se aos restantes sobreviventes em titan, jack começa a questionar o que se passa e a ordem das coisas, principalmente depois de se aperceber que a terra não está completamente esgotada. a gota d'água acontece quando uma mulher desconhecida se despenha na terra, a mesma mulher com que jack sonha todas as noites; jack decide investigar por contra própria e contra as ordens da companhia.

esquecido / oblivion está bem conseguido visualmente e é claro o investimento avultado nos efeitos especiais e na estética dos cenários e da fotografia. em filmes de ficção científica isso é meio passo andado para o sucesso; a outra é um argumento interessante.


 
 é no interesse do argumento que o filme não se aguenta tão bem. duas horas não foram suficientes para construir uma acção inteligente, estimulante e que faça jus aos actores, aos efeitos especiais e ao potencial que o filme tem, algo que se tem tornado recorrente nos grandes blockbusters de ficção científica dos últimos anos, que têm ficado aquém do esperado (estou a pensar em Doom - Sobrevivência e em Transformers).

o filme começa bem. ficamos entusiasmados com o minimalismo futurista e com as imagens pós-apocalípticas do planeta terra e tom cruise não desilude (apesar de se adivinhar um personagem certinho e heróico, sem grande sal, o que se confirma). mas a história começa a tornar-se desinteressante a partir da segunda metade do filme e é assim até ao fim, apesar da revelação final (pouco bombástica).

o filme não é mau, entenda-se, mas ficou aquém do que eu esperava. perde-se muito tempo a ver jack a reparar drones e os scavengers são pouco explorados, apesar de ser sempre positivo ver morgan freeman e nikolaj (o jaime lannister de game of thrones) no ecrã.


mais um orçamento milionário de hollywood que pariu um rato.

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segunda-feira, 12 de agosto de 2013

food matters


[ bom ]

género. documentário.
duração. 78
min
ano.
2008

realização. james colquhoun. carlos ledesma.
protagonistas. rvicky blewitt. jerome burne. ian brighthope.
sinopse. este documentário debruça-se sobre a relação entre a comida e a saúde humana. naturopatas, nutricionistas e homeopatas comentam e questionam a alimentação actual da população e sugerem alternativas. [imdb]

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food matters discute os efeitos da alimentação na qualidade de vida e relaciona a má nutrição com as epidemias do mundo moderno, nomeadamente o cancro, e como uma alimentação mais natural sustenta o corpo mais eficazmente.

ao longo de pouco mais de uma hora, desfilam pelo ecrã algumas das maiores autoridades em naturopatia, nutrição e medicina alternativa. apesar de serem poucas as novidades (o senso comum continua a fazer sentido, mesmo quando confrontado com a ciência actual, que tudo tende a desmistificar), e dependendo da receptividade do espectador ao tema e, por que não? à mudança, há um par de afirmações que acabam por ressoar e com um par de horas de pesquisa e reflexão, algumas ideias começam a fazer sentido.





os cientistas, médicos e jornalista que dão a cara no documentário são convincentes em alguns pontos e a lógica, bem, é lógica, mas a questão vai mais fundo: até que ponto as pessoas conseguem distinguir o que é melhor para a sua saúde? e fá-lo-ão se isso for contra o que está estabelecido? a figura tradicional do médico cujo conceito de dieta é cortar sal, açúcar e gordura indiscriminadamente e que não tem pejo em aconselhar o recurso a medicamentos tem um peso enorme e socialmente, ainda há algum estigma em aceitar comportamentos desviantes do "normal", mas há que buscar informação.


vi o documentário há dias, na mesma semana em que foi noticiada a criação do primeiro hambúrguer de carne artificial, um progresso cujos defensores apregoam ajudar a reduzir a poluição ambiental e a tornar a carne mais nutritiva, visto que a produção de carne em laboratório permite que a mesma seja enriquecida com mais nutrientes do que pela vida tradicional (quando a carne deriva de um animal) e apesar de as mentalidades e os hábitos levarem muitos anos a serem mudados, a questão é que já começam a surgir alternativas químicas às naturais (ressalvando a questão polémica de que os animais em cativeiro são engordados à força com vitaminas e esteroides para crescerem mais rápido) e convém começar a ter uma ideia que do queremos como consumidores.

food matters lida com factos e números (tirados de fontes credíveis) americanos, onde a obesidade e as doenças cardíacas são rainhas. «somos o que comemos» é o mantra de eleição e defendido pelos adeptos da comida crua, da terapia de max gerson, vegetarianos, etc. que têm voz no filme. é tudo bonito e simples mas temos de ter uma visão crítica e não papar tudo o que nos põem no prato (faltava a piadinha, pois claro!).




a questão da manipulação de resultados por parte das indústrias farmacêuticas e laboratórios soa a conspiração mas também não é difícil de acreditar; o dinheiro move tudo e é um negócio de milhares de milhões de euros. mas não podemos acreditar cegamente num pseudocientista que reclama que curou uma pessoa de depressão dando-lhe uma dose maciça de vitamina c todos os dias; se é bem acima do recomendado, não poderá ser tão benéfico, pois não? ah, mas os números são manipulados... ok, mas o perito também pode estar a mentir, já para não falar que cada organismo tem particularidades e o caso era excepcional em todos os sentido. beh, em que ficamos?

mais, no filme é dito, preto no branco, mais do que 2, 3, 4 vezes, que os médicos, de uma forma geral, desdenham a importância da nutrição e que muitos, deliberadamente, mantêm os pacientes doentes para alimentar o ciclo de patologia e medicação (os médicos também têm contas para pagar, afinal). mesmo tendo uma visão cínica qb do mundo, custa a acreditar que tantos médicos fizessem isso de propósito e sabendo que estariam a prejudicar o valor que juraram defender: a saúde humana. outro problema bicudo.

o documentário é bom, interessante e tem alguns pontos certeiros, mas tresanda a sensacionalismo. levanta algumas questões pertinentes, no entanto, e cabe a cada um pesquisar, experimentar e descobrir o que é melhor para si, seja na forma de um naco de carne a todas as refeições ou de uma salada dia sim dia sim. 
 



 
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 que a comida seja o teu alimento e o alimento a tua medicina (hipócrates) .


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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

a gaiola dourada

[ bom ]

título original. la cage dorée.

género. comédia.

duração. 90 min
ano.
2013
realização e argumento. ruben alves.
protagonistas. rita blanco. joaquim de almeida. chantal lauby. maria vieira.
sinopse. maria e josé ribeiro emigraram há 30 anos para frança e são queridos por todos: ela é uma excelente porteira e ele é um trabalhador da construção civil fora de série. são tão apreciados que, no dia em que surge a possibilidade de regressarem a portugal, ninguém os quer deixar partir. [imdb]

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pedro henriiiiiiiique!

é a plenos pulmões que começa o castiço a gaiola dourada, uma produção francesa com muito talento português. ruben alves, filho de emigrantes portugueses, escreveu e realizou este divertido retrato da comunidade emigrante portuguesa em terras de franciús, naquele que já é um dos sucessos de bilheteira por cá, meses depois de ter colhido os aplausos da crítica e de milhares de espectadores lá fora. 


os ribeiro estão emigrados em frança há 32 anos; têm 2 filhos e estão integradíssimos na comunidade. humildes, amáveis e trabalhadores esforçados, os ribeiro são amados por amigos, colegas e patrões. o sentirem-se cansados de tanto trabalhar não é novidade pois nunca fizeram outra coisa... e sempre com um sorriso nos lábios. verdade seja dita, já toda a gente espera que deem o litro sem um queixume.


uma das cenas hilariantes do filme!
a calmaria dá lugar ao desatino quando a família recebe uma herança e tem a oportunidade de regressar ao querido portugal e viverem uma vida de desafogo. maria sonha em ter a sua "casinha em portugal" (assim mais para o casarão) e josé em poder continuar o negócio de família, adiado por desentendimentos com o (falecido) irmão.
mas assim que o círculo próximo dos ribeiro descobre, é a loucura! cada um, à sua maneira, vai arranjar forma de fazer com que os ribeiro fiquem. ninguém duvida que mereçam, mas são as razões egoístas de cada um que motivam o chorrilho de mentiras e as situações caricatas que se seguem, tudo para que eles fiquem, pois nunca ninguém alguma vez esperou que se fossem embora (e a falta que fariam, valha-me deus!).


o trunfo do filme é a forma bem disposta e humana como retrata os acontecimentos. os estereótipos, os espalhafatos, os exageros surgem naturalmente e são usados de uma forma inteligente e despretensiosa, um uso sábio que eleva o filme muito além do medíocre que a história faz adivinhar e que faz o espectador sentir e torcer pela alma lusitana.

alguém lhe enfie um beignet de bacalhau na bouche, já!
as cenas do jantar com o casal francês (o cuidado com as aparências), a breve estadia no hotel 5 estrelas (château victoria, très chic, mas com comida que não mata a fomeca!), as referências ao bacalhau, ao azeite gallo, à mini, à música pimba (quim barreiros, quem mais?!), são genuínas e usadas de forma certeira, e como não?, se são esses apontamentos e os gestos subtis que nunca deixam de espelhar a dignidade do emigrante português, o retrato do trabalhador esforçado, simples, que deixa para trás o país mas tem-no consigo sempre, no coração.

é um bonito espelho da portugalidade além-fronteiras, mesmo quando falado curto e grosso (pois se há palavrões para todas as ocasiões!).


belas amigas ... chiça!
impossível não sentir orgulho d'a gaiola dourada e de toda a equipa de trabalho frente e por trás das câmaras. o filme remata (dá-lhe, pauleta!) com um sentimento de pertença e amizade e deixa o espectador satisfeito e bem-disposto. 

por fim, uma pequena nota a catarina wallenstein, numa grande interpretação fadista, verdadeiramente arrepiante.
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a ditadura do general alcazar deve ter sido horrível (...) salazar? pois, confundo sempre os dois .
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