domingo, 24 de novembro de 2013

a invasão

[ razoável ]

título original. the invasion.

género. ficção científica. thriller.
duração. 99 min
ano.
2007

realização. james mcteigue. oliver hirschbiegel. 
argumento. david kajganich. ennis paoli. nicholas st john.
protagonistas. nicole kidman. daniel craig. jeremy northam. veronica cartwright.
sinopse. uma psiquiatra descobre a origem de uma epidema alienígena; com o alastrar da infecção, a única esperança é manter-se acordada o tempo suficiente para encontrar o filho. [imdb]
 
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a invasão é (mais) um remake baseado no célebre livro de jack finney, onde a terra é tomada de assalto (ainda que silencioso) por extraterrestres. depois d'a invasão dos violadores (1978) e de violadores: a invasão continua (1993), os humanos voltam a estar ameaçados e, na calada da noite, a serem substituídos por clones inexpressivos e determinados a dominarem a terra.


quando o filme começa, a nossa protagonista, carol bennell, uma conceituada psiquiatra, nada sabe do que se passa, mas os sinais começam a ser cada vez mais alarmantes: os seus pacientes mencionam que cônjuges, amigos e vizinhos estão diferentes e não parecem ser os mesmos, e a própria carol começa a aperceber-se de comportamentos estranhos, onde os olhares apáticos e os comportamentos robóticos parecem dominar as pessoas com quem se cruza na rua, nas lojas, no bairro onde mora.

quando a invasão se torna evidente, resta apenasa a carol fugir com o filho e evitar o contágio, tentando não adormecer e não confiando em ninguém.
 


a anos-luz da qualidade do filme de 1978, com donald sutherland, a invasão é um filme morno e pouco emocionante, onde os tiques hollywoodescos (a previsibilidade, a acção moderada, o pouco espaço para o suspense) não ajudam. nicole kidman e daniel craig são uma boa dupla, mas o argumento tem pouco por onde puxar. as personagens são pouco complexas e o tema do isolamento e estandartização humanos, patentes no filme de '78, são pouco explorados.

mesmo assim, o filme é ligeiramente melhor que o de 1993, mas isso deve-se essencialmente à interpretação de nicole kidman, que, sozinha, eleva o filme mas, sozinha, não o consegue tornar bom.

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. in the right situation, we are all capable of the most terrible crimes. to imagine a world where this was not so, where every crisis did not result in new atrocities, where every newspaper is not full of war and violence. well, this is to imagine a world where human beings cease to be human .
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sexta-feira, 15 de novembro de 2013

dúvida

[ bom ]

título original. doubt.

género. drama.
duração. 104 min
ano.
2008

realização e argumento. john patrick shanley.
protagonistas. meryl streep. phillip seymour hoffman. amy adams. viola davis. carrie preston.
sinopse. a directora de um colégio católico, famosa pela sua austeridade, questiona a relação de amizade entre um dos professores e o único rapaz negro da escola. [imdb]
 
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bronx, 1964. os ventos de mudança começam a soprar e o colégio de st nicholas recebe o seu primeiro aluno de raça negra. o colégio é dirigido pela igreja, sendo a directora a irmã aloysius beauvier, uma mulher brusca e directa, que acredita no poder da disciplina e da obtenção do respeito pelo medo. a realidade é que os seus métodos, apesar de contestados por alguns pares, resultam bem.

o padre flynn, professor de educação física, é a antítese da directora: bem-disposto e de sorriso fácil, conquista vários dos alunos com o seu carisma e humor. parece ter preferência por donald, o recém-chegado aluno negro ao colégio, resguardando-o de alguns comentários menos correctos dos restantes alunos.



até que, um dia, um comentário sem malícia de uma das irmãs mais novas relativamente aos dois (professor e aluno), deixa a directora de alerta, o que vai levar a um choque de ideias e opiniões entre a irmã aloysius e o padre flynn, que não admite a assertividade de discurso da directora e a sua acusação velada de pedofilia.

o embate entre os dois titãs (streep e seymour hoffman) faz o filme, juntamente com os diálogos e os momentos de silêncio, onde flutua a dúvida. o leque de actores, tanto os principais como os secundários é estelar, com viola davis e amy adams igualmente fantásticas; longe de apostar no choque e na acção, dúvida / doubt apoia-se num argumento inteligentemente gradual em tensão e ambiguidade e nisso o trabalho de actores é crucial (e têm por onde pegar: personagens credíveis e complexas).



nos dias de hoje, e na senda da década de 90 (onde houve o maior número de denúncias e grande cobertura mediática), as acusações de pedofilia por membros do clero não são novidade, mas na década de 60 seria algo impensável e o filme põe o dedo na ferida ao abordar um tema inimaginável. aliás, a sugestão é tão hedionda que algumas personagens nem contemplam a hipótese, o que torna o duelo entre aloysius e flynn muito mais emocionante, ela inabalável na sua certeza e ele insistindo na sua inocência.

o final é deixado um pouco em aberto embora, para mim, tenha sido claro. bastou tomar um dos lados, apesar de haver alguma margem para outras conclusões. é um filme obrigatório e prova que um título pode viver inteiramente do trabalho de actores.


nota: vi esta peça há uns anos com eunice muñoz e diogo infante, antes do filme sair. embora tenha gostado, o filme é muito superior. 



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. where is your compassion ?
nowhere you can get at it .
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