dead to me (temporadas 1, 2 e 3)

 

[ muito bom ]

título original. dead to me.

género. drama. suspense. comédia.
episódios. 30 (15h)
ano. 2019-2022.

criador. liz feldman.

protagonistas. christina applegate. linda cardellini. james marsden. diana maria riva. max jenkins. luke roessler. brandon scott. valerie mahaffey. natalie morales. ed asner. suzy nakamura.

 

sinopse. duas mulheres, uma recém-viúva e outra recém-separada, conhecem-se num grupo de apoio e tornam-se as melhores amigas. [imdb]

 

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dead to me é uma série que mistura comédia, drama e suspense.

a história segue jen (christina applegate), uma mulher que acabou de perder o marido e não consegue superar a raiva que sente, sobretudo porque a polícia não tem pistas sobre quem o terá atropelado e fugido.

Fonte: Google Search Engine

para lidar com a dor, ela decide participar num grupo de apoio, onde conhece aquela que se tornará a sua melhor amiga, judy (linda cardellini), uma mulher optimista e excêntrica q.b.

a criadora da série é liz feldman, que trabalhou no talk-show de ellen degeneres e escreveu a série 2 broke girls. segundo ela, a história de dead to me estava delineada na sua cabeça e não teria mais de quatro temporadas – a série tem três, todas disponíveis no netflix.

Fonte: Google Search Engine

é bastante triste o facto de, no final da primeira temporada, christina applegate ter sido diagnosticada com esclerose múltipla, o que terá arrematado que a série não se estenderia muito mais, visto as limitações com que a actriz ficou – é possível ver as diferenças físicas, e o facto de na última temporada, a personagem jen aparecer várias vezes sentada, deitada ou numa posição estática, ligada ao cansaço crónico que a actriz sentia na vida real.

Fonte: Google Search Engine

os pontos fortes da série são os actores, com duas protagonistas (applegate e cardelinni) muito talentosas, e um elenco de apoio excelente (destaque para lorna, a sogra narcisista de jen, e para karen, uma verdadeira “karen”, vizinha de jen); o outro ponto forte é o humor negro e incorrecto – tão bom! - que, misturado com os aspectos de thriller e uma duração de meia hora por episódio, fazem a acção avançar rapidamente.

Fonte: Google Search Engine

não posso deixar de mencionar a forma como a amizade entre mulheres [maduras] é abordada num contexto moderno, algo essencial para a conclusão da história e para a qualidade da série.

dead to me aborda temas difíceis e fá-lo de uma forma inteligente e aparentemente ligeira, devido ao tom de comédia.

Fonte: Google Search Engine

 

a sensação, no final da série, é de luto, algo que as personagens carregaram sempre consigo, equilibrado com uma mensagem, muito forte, de amor entre melhores amigas.

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. that guy's a twatwaffle !
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o exorcista do vaticano

 

[ bom ]

título original. the pope's exorcist.
género. thriller. terror.
duração. 1h 43 min
ano. 2023

realização. julius avery.
argumento. michael petroni. r dean mccreary. evan spiliotopoulos.

protagonistas. russell crowe. franco nero. daniel zovatto. alex essoe. laurel marsden. peter desouza-feighoney.

sinopse. baseado na figura do padre amorth, o exorcista principal do vaticano, o filme segue o exorcismo de uma criança e a descoberta de uma conspiração ao mais alto nível. [imdb]

 

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o exorcista do vaticano é baseado na actividade de gabriele amorth, um padre italiano reconhecido como o exorcista oficial do vaticano, falecido em 2016 aos 91 anos.

o filme segue amorth (russell crowe) a uma abadia decrépita em espanha, onde um rapaz terá sido possuído por um demónio.

 

Fonte: Google Images

montado na sua lambreta e armado com um kit (maleta) de exorcista e um sentido de humor seco, o padre amorth terá de exorcizar uma entidade poderosa com a ajuda de um padre mais novo e inexperiente (daniel zovatto, it follows / vai seguir-te).

a fita abre com uma cena forte, talvez a melhor. nela, amorth insulta um demónio ao ponto de o mesmo se auto-encurralar, o que leva à sua derrota. é assim que somos apresentados ao protagonista: um homem arguto, de sorriso e resposta pronta, difícil de intimidar.

Fonte: Google Images

russel crowe, cuja interpretação eleva o filme e o distingue de apenas mais um dentro do género, com as fórmulas habituais, parece ter encontrado um nicho nos últimos anos, entre thrillers e biopics. como amorth, ao volante da sua lambreta, de meias vermelhas e óculos de sol de lentes coloridas, é o contrário do que esperaríamos de alguém que passa a vida a encontrar pessoas desequilibradas e entidades sobrenaturais – é um exorcista cool e com estilo.

Fonte: Google Images

mas também há profundidade na personagem principal, a única verdadeiramente desenvolvida, e crowe utiliza o seu talento e “carrega” o filme, dando mais nuances à acção, que tem ainda um sub-argumento relacionado com uma conspiração que remonta há séculos. destaque ainda para franco nero, que interpreta o papa joão paulo ii.

Fonte: Google Images

o exorcista do vaticano é mais um thriller religioso com alguns sustos, do que um filme de terror. os efeitos especiais são bons, especialmente na cena final. o saldo é um filme de exorcismo com o seguimento tradicional que se apoia nas personagens para se distinguir – e só o consegue com uma que, calhando ser o protagonista, salva o filme da mediocridade.

o exorcista do vaticano é um filme bonzinho, mas só por causa de russell crowe. e o final deixa a porta aberta para uma sequela.

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. if evil does not exist, then what then is the role of the church? i think we all have to be careful of the congregation for the doctrine of the faith. sounds to me like they want us all out of a job .
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the artifice girl

[ muito bom ]

título original. the artifice girl.
género. thriller. ficção científica.
duração. 1h 33min
ano. 2022

realização e argumento. franklin ritch.

protagonistas. tatum matthews. franklin ritch. lance henriksen. david girard. sinda nichols.

sinopse. um programa de computador começa a evoluir além do seu propósito inicial. [imdb]

 

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o tema da inteligência artificial (ia), com os medos e possibilidades que lhe são inerentes, não é novo no cinema. mas, nos últimos meses, tem sido um tema quente na imprensa, com o aparecimento do chat gpt, google bard, e outros.

the artifice girl é um filme que examina as questões éticas ligadas à ia, mergulhando ainda nos aspectos existenciais da mesma, e nas ideias pré-concebidas de realidade e autenticidade.

invariavelmente, qualquer reflexão sobre a ia levanta a questão do que significa ser humano.

 

Fonte: Google Images

a premissa do filme assenta na existência de um programa informático criado para combater as actividades online de pedófilos, sob a forma de uma menina criada digitalmente (cherry, interpretada por tatum matthews) que conversa e documenta as interacções com os utilizadores de certas salas de conversação (“chat rooms”), de forma a reunir provas para uma acusação e condenação.

dividido em três partes, cada uma com meia hora e estendendo a acção ao longo de décadas, the artifice girl começa numa sala minúscula, escura, onde um homem chamado gareth (franklin ritch) é interrogado. dois agentes responsáveis (sinda nichols e david girard) tentam diversas abordagens para obter informação e poderem utilizar o programa de ia.

Fonte: Google Images

o filme tem cenários limitados e a acção consiste em diálogos que fazem várias referências ao teste de turing, à teoria dos jogos, e ao vale da estranheza (“uncanny valley”), numa linguagem acessível. é uma hora e meia mentalmente envolvente e estimulante.

a questão da eventual senciência de cherry é discutida, nomeadamente se a criança digital pode ou não consentir no que faz. algumas personagens lidam com isso relembrando que cherry não é uma pessoa, enquanto outras acreditam que é possível a ia evoluir no sentido de desenvolver emoções.

Fonte: Google Images

franklin ritch escreveu, realizou, editou e tem um dos papéis principais no filme. é um desafio imenso, mas the artifice girl resulta tão bem que, sendo esta a primeira longa-metragem de ritch, mal posso esperar para ver o que se segue.

destaque ainda para o pequeno elenco, excelente; a jovem tatum mathews é um nome a reter.

Fonte: Google Images

nos últimos meses, tenho visto algumas pérolas no cinema (women talking / a voz das mulheres ; the banshees of inisherin / os espíritos de inisherin ; boy from heaven); the artifice girl junta-se à lista.

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. she's not real, she's not a real human being .
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