sábado, 31 de janeiro de 2015

a semente do diabo (2014)

[ razoável ]

título original. rosemary's baby.

género. thriller.
episódios. 2 (176 min)
ano.
2014

realização. agnieszka holland.
argumento. scott abbot. james wong.

protagonistas. zoe saldana. jason isaacs. carole bouquet. patrick j adams. christina cole.
sinopse. adaptação moderna da história de rosemary woodhouse, que desconfia que os seus vizinhos pertencem a um culto que quer ficar com o seu bebé ainda por nascer. [imdb]
 
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soube desta adaptação d'a semente do diabo recentemente; gostei do livro de ira levin e ainda mais do filme de 1968 de roman polanski, por isso tinha que ver esta mini-série.

sinceramente, eu não tinha grandes expectativas porque o filme de polanski é soberbo e enche as medidas; mas, vá, se esta nova adaptação tivesse metade da qualidade do clássico, o meu tempo seria bem empregue.



o primeiro episódio apresenta-nos os woodhouse, um jovem e feliz casal que tenta ter o primeiro filho. depois de um aborto espontâneo, os dois decidem afastar-se de tudo e ir viver para paris, onde guy tem um contrato de 1 ano a leccionar na sorbonne. habituada a sustentar a casa de família, rosemary aproveita a pausa para usufruir da cidade e concentrar-se numa nova gravidez. entretanto, guy acaba o livro que está a escrever (pelo qual recebe um cheque chorudo) e aproveita para se dedicar à escrita a tempo inteiro, visto que nunca quis ser professor.



pelo meio, os woodhouse conheceram os castevet, um casal mais maduro e sofisticado que os convida a viverem no seu condomínio de luxo, la chimére, o que eles aceitam, incrédulos perante tanta generosidade. a esmola é grande, mas eles não desconfiam, por isso no segundo (e último) episódio, apercebemo-nos de que guy está envolvido no que quer que se esteja a passar, e que rosemary alterna entre a ingenuidade e a paranóia de que os vizinhos querem fazer mal ao seu bebé. neste aspecto, não há uma noção de actualidade e a mocinha parece que come gelados com a testa.



pelo meio, somos brindados com umas belas cenas de paris (em vez da nova iorque do livro e filme originais) e por um bom trabalho de actores, mas o facto é que esta adaptação não acrescenta nada ao original e as cenas extra são usadas para pormenores sem importância, em vez de desenvolver as personagens e aprofundar algumas situações (há umas cenas de guy relacionadas com isso, mas são desinspiradas). o final é tolinho, já para não falar de que a cena em que rosemary confronta o culto, é uma sombra do original.



sei que o filme original tem mais de 45 anos mas, a ver um dos dois, seria sempre o de polanski. o filme de 1968 mete esta mini-série a um canto e tem o condão de ser superior ao livro, por isso a tarefa seria sempre difícil. mesmo assim, gosto da história e estava curiosa. o saldo são três horas que se passam bem mas que banalizam o potencial que a história tem e que polanski soube explorar como mais ninguém até aos dias de hoje.

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. all of them witches !
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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

o hobbit: a batalha dos cinco exércitos

 
[ bom ]

título original. the hobbit: the battle of the five armies.

género. aventura. fantasia.
duração. 144 min
ano.
2014

realização. peter jackson.
argumento. peter jackson. guillermo del toro. phillipa boyens. fran walsh. jrr tolkien (livro).
protagonistas. martin freeman. richard armitage. ian mckellen. orlando bloom.
sinopse. ao sucumbir ao mal do dragão, thorin escudo-de-carvalho sacrifica a amizade e honra na sua busca pela lendária arkenstone. incapaz de ajudar o amigo a ver a razão, bilbo tem de fazer uma escolha desesperada e perigosa, ignorando que perigos ainda estão para vir. [imdb]
 
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depois de o hobbit: a desolação de smaug, chega o último filme da trilogia baseada no livro de tolkien, o hobbit. pela mão de peter jackson, responsável pela excelente adaptação ao cinema da trilogia o senhor dos anéis, do mesmo autor, chega-nos a derradeira aventura de bilbo e dos companheiros anões, que tentam defender a montanha solitária de um enorme poder maligno, num confronto de (cinco) grandes exércitos.
    


neste terceiro filme, fiquei desiludida. o realizador peter jackson enveredou pelo caminho (fácil) dos efeitos especiais e da acção a rodos. tudo estaria bem se a história não tivesse sido alterada, mas foi-o, e ao ponto de tirar protagonismo às personagens que a deveriam ter (os anões, bilbo, beorn) e concentrá-la em cenas que nem sequer estão no livro (que são todas em que a elfo tauriel entra; esta personagem foi uma invenção da equipa de argumentistas, que inclui o realizador). houve situações por concluir (o que aconteceu ao tesouro de smaug, por exemplo), que só quem leu o livro sabe.



o que me leva à necessidade de adaptar um livro de 300 páginas e "esticá-lo" numa trilogia. os dois primeiros filmes foram muito bons (tirando a inclusão de histórias que não existem no livro; yep, estou a falar da tauriel outra vez), mas este último pareceu que serviu para encher chouriços, claramente um enchido recriado pelos argumentistas e pouco fiel à obra de tolkien. apesar do terceiro filme começar exactamente onde o segundo acabou, pouco depois a história começa a descarrilar, ao ponto de bilbo baggins passar quase a ser uma personagem secundária e o foco ser apenas numa acção desmedida e cheia de cgi (mal feito, na maioria das cenas, o que é inacreditável com os milhões de hollywood por trás).


o trabalho de actores é muito bom, assim como a banda sonora. é fantástico podermos ver no ecrã as criaturas que tolkien imaginou e desenhou, ver as insinuações de sauron (ainda a tentar retomar o poder que veremos n'o senhor dos anéis), revisitar as personagens mais queridas (gandalf, legolas, elrond), mas não consegui evitar uma decepção no final do filme: várias pontas ficaram por atar, e a história não precisava de ter sido tão alterada (o original já é tão rico em ideias e imagens, para quê mexer?). fica clara a certeza de que é tudo sobre o lucro, ironicamente um dos pontos em que se foca o filme: a ganância.



o hobbit: a batalha dos cinco exércitos é um bom filme. fica muito aquém da mística d'o senhor dos anéis, foi demasiado "mexido" e recorre demasiado ao cgi, mas é uma adaptação de tolkien e nunca poderia ser mau; espero que os filmes atraiam as pessoas à obra original, muito superior (para não variar) à adaptação cinematográfica.

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. farewell, master burglar. go back to your books, your fireplace. plant your trees, watch them grow. if more of us valued home above gold, it would be a merrier world .

.
you are a very fine fellow, mr baggins, and i am very fond of you. but you are really just a little fellow, in a wide world .

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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

grand budapest hotel

[ bom ]

título original. the grand budapest hotel.

género. drama.
duração. 100 min
ano.
2014

realização. wes anderson.
argumento. wes anderson. stefan zweig.

protagonistas. ralph fiennes. tilda swinton. edward norton. adrien brody. harvey keitel. jude law.
sinopse. as aventuras de gustave h e de zero moustafa, um par de amigos improvável, que trabalham no famoso hotel budapest. [imdb]
 
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wes anderson leva-nos numa viagem à década de 1930, na fictícia república de zubrowka.    


gustave h, concierge num hotel de 5 estrelas situado num cume montanhoso de difícil acesso, tem a fama (e o proveito) da sua habilidade em satisfazer os hóspedes mais exigentes. tudo o que se passa no hotel tem a sua aprovação ou não, por isso quando o jovem zero moustafa é admitido como paquete, é gustave que vai supervisionar e treinar o novo funcionário, que tem pelo concierge uma admiração enorme.



tudo se passa na rotina das horas até à morte da abastada octogenária madame d., amiga e amante de gustave, e ao desaparecimento de um valioso quadro, deixado a este em herança. acusado injustamente de homicídio e roubo pelos herdeiros familiares, gustave está decidido a provar a sua inocência, limpar o seu bom nome e salvar o hotel da ruína que se avizinha. a ajudá-lo terá o jovem zero, o único amigo que lhe resta.



com um visual e cor fantásticos, o grand budapest hotel "prende-nos" visualmente desde a primeira cena. há muitos actores conceituados a dar vida às personagens (willem dafoe, adrien brody, tilda swinton, ralph fiennes, jeff goldblum, entre outros), diálogos espirituosos (onde se destaca claramente o humor britânico e o humor negro), como aquele em que gustave explica a zero o peculiar papel que desempenha na vida sexual dos hóspedes do hotel: “when you’re young, it’s all fillet steak, but as you get older, you have to move on to the cheaper cuts.”; e uma história dinâmica, a que há que estar atento.



grand budapest hotel é um filme diferente, uma lufada de ar no panorama habitual. é impossível ficar indiferente ao trailer e é com gosto que vemos a sucessão de cenas e cenários, sempre com um actor conhecido. a história absurda não é para levar muito a sério, mas como em tudo o que foge à regra: primeiro estranha-se, depois entranha-se.

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. you see, there are still faint glimmers of civilization left in this barbaric slaughterhouse that was once known as humanity. indeed that's what we provide in our own modest, humble, insignificant... oh, fuck it .

. if i die first, and I almost certainly will, you will be my sole heir. there's not much in the kitty, except a set of ivory-backed hairbrushes and my library of romantic poetry, but when the time comes, these will be yours. along with whatever we haven't already spent on whores and whiskey .
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