sábado, 25 de abril de 2015

bowling for columbine

[ bom ]

título original. bowling for columbine.

género. documentário.
duração. 120 min
ano.
 2002

realização e argumento. michael moore.

protagonistas. michael moore. charlton heston. marilyn manson. bill clinton. george bush.
sinopse. o cineasta michael moore tenta perceber as razões por trás do massacre em columbine e o porquê da violência extrema na américa. [imdb]
 
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michael moore é um realizador famoso nos estados unidos (e na europa), mas confesso que foi apenas há uns 10 anos que tomei consciência da sua mensagem. na altura, trouxe da biblioteca municipal um livro que me chamou a atenção, com um título subversivo, brancos estúpidos - e outras desculpas esfarrapadas para o estado da nação, da sua autoria, que li com um misto de horror e deleite.

o livro é o manifesto de moore contra a malfeitoria e mediocridade de uma nação onde os tribunais corruptos escolhem o presidente e o dinheiro é que manda. aqui moore destila o seu desprezo por george w bush, «o ladrão-mor, um usurpador da sala oval», e fala das reformas de bill clinton, «um dos melhores presidentes que a américa teve», tristemente derrotado por uma nódoa de esperma num vestido azul... sem papas na língua, portanto, o que pauta o seu estilo.


em bowling for columbine, moore parte do massacre na escola (que comemorou 16 anos no passado dia 20), levado a cabo por dois estudantes que vitimou 13 pessoas, para tentar explicar o porquê da violência na américa e a ligação da mesma à legislação sobre as armas de fogo (que são vendidas em lojas da especialidade que existem na mesma quantidade que um qualquer outro estabelecimento comercial) e disponibilidade de munições (que são vendidas em grandes superfícies, como o k-mart), assim como a existência de milícias e grupos pró-armas.

mas não é apenas a facilidade e conveniência que tornam a proliferação de armas de fogo um problema, é a mentalidade de quem as compra: os americanos agarram-se com unhas e dentes à ideia de que têm o direito de se defender e à sua família e propriedade caso alguém a ameace porque... a violência está em todo o lado e ninguém quer ser a próxima vítima. se juntarmos o facto de qualquer outra pessoa ser um potencial agressor, é a receita para o desastre.



as razões desta paranóia são o cerne do documentário de moore, que ilustra uma américa aterrorizada pelos media e pelos políticos, onde as massas consomem o sensacionalismo em todas a suas formas e cuja militarização, passado violento e racismo altamente enraizado contribuem para uma taxa de violência muito maior do que em países onde a política de armas é igual mas onde a taxa de crimes é muito menor: canadá, alemanha, japão e reino unido.


moore sugere uma cultura de medo e aponta as razões: heavy metal, acesso às armas, cinema, videojogos, mas cada vez que compara o número de crimes aos estados unidos, as contas não batem certo: por que razão os outros países têm acesso e estão expostos às mesmas coisas sem sofrerem a onda de violência que se faz sentir em terras do tio sam? a explicação possível é explicada através de vários exemplos: o passado violento dos colonos que formaram a américa, o gosto pelo sensacionalismo, a legislação das armas de fogo, o nra, etc. vale a pena ver o documentário, que pode ser encontrado facilmente, na íntegra, no you tube (aconselho ainda, do mesmo autor, sicko e capitalism: a love story, que também já vi).



michael moore tem de ganhar a vida e este documentário catapultou-o como nenhum outro, o que muito contribuiu o óscar para melhor documentário (o clip do you tube abaixo é o controverso discurso de agradecimento na cerimónia, em 2002) e outros prémios (em cannes, inclusivé); vários críticos apontam a edição selectiva de algumas cenas para um impacto maior (ou informações erradas, como o facto de eric harris e dylan klebold não terem praticado bowling no dia do massacre e ser dito que sim), mas isso não desvirtua a mensagem final, extremamente relevante (e esse mérito é-lhe merecido).

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. if more guns make people safer, then america would be one of the safest countries in the world. it isn't. it's the opposite. 

. i have only five words for you: from my cold dead hands !

. after columbine, no one could figure out why the boy had resorted to violence .
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domingo, 19 de abril de 2015

o senhor babadook

[ bom ]

título original. the babadook.

género. terror. thriller. suspense.
duração. 93 min
ano.
 2014

realização e argumento. jennifer kent.

protagonistas. essie davis. noah wiseman. daniel henshall. barbara west.
sinopse. uma jovem mãe solteira tenta lidar com o medo de monstros do filho. [imdb]
 
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o senhor babadook é um filme surpreendentemente bom dentro do género, mas tal não é de estranhar, tendo em conta que a austrália tem produzido algumas pérolas neste campo, entre os quais o aclamado wolf creek.


em o senhor babadook, assistimos à luta diária de amelia, uma viúva que tem de cuidar sozinha do filho, um rapaz que grita e faz algumas fitas como todas as crianças mas que embaraça a mãe com algumas excentricidades. samuel não se dá com a maioria das crianças e tem uma constante necessidade de chamar a atenção, o que causa algumas fricções com outros pais (a própria amelia sente-se isolada e não se identifica com as outras mães com quem socializa). a gota d´água é uma luta do rapaz com a prima, que os isola ainda mais.



uma noite, amelia lê ao filho um livro que nunca vira antes na estante, mas rapidamente o larga, alarmada com o conteúdo violento e sombrio. no entanto, a leitura do livro acorda algo no seu interior e amelia começa a ouvir ruídos e a ver sombras. quando o filho confirma que o babadook (a personagem do livro) está à espreita para lhes fazer mal, tudo se precipita.


o filme torna-se bem mais fácil de compreender depois de percebermos a solidão e desespero que uma mãe solteira enfrenta, o que é retratado brilhantemente no filme. amelia vive uma vida cinzenta depois da morte do marido e não permite que o filho extravase e seja uma criança extrovertida. ela própria deixa de escrever (a sua ocupação antes da morte do marido) e mantém um emprego como auxiliar num lar de idosos, lidando com a doença e a tristeza todos os dias.
 


as manifestações do babadook tornam-se cada vez mais claras à medida que o filme avança e classificá-lo apenas como terror é redutor, pois é claramente mais do que isso. há uma descida à depressão tocante, ou não fosse o tema tratado assustador; a realizadora nunca se acanha em cenas choque e a interpretação de essie davis é imaculada.

um filme muito interessante, que merece uma eventual segunda visualização para apreendermos o que a realizadora quis transmitir.

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. you can't get rid of the babadook .
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