[ muito bom ]
título original. anora.
género. drama. comédia. romance.
duração. 2h 19m
ano. 2024
não conheço a obra de sean baker – realizador e argumentista do filme –, mas nas primeiras cenas, além desta introdução, nota-se uma forma generosa de abordar as personagens, que nos faz antecipar uma fuga a alguns estereótipos.
a fita segue a história de anora "ani" mikheeva (mikey madison, scream 5; once upon a time in hollywood), uma profissional do sexo que se casa com o filho de uma família russa abastada, e como isso provoca uma convulsão familiar e várias situações cómicas e trágicas.
ivan (mark eydelshteyn; mr. & mrs. smith) é uma criança grande de 21 anos, tem uma masculinidade frágil e cobarde, habituado a gastar o dinheiro da família sem prestar contas.
quando ani se transforma no objeto de desejo de ivan, e são claras as quantias de dinheiro que ele gasta de forma a garantir os serviços exclusivos da jovem, forma-se uma dinâmica em que ambos lucram, mas que não poderá durar.
o filme nunca disfarça que este romance seja uma história de encantar.
uma das suas forças é a forma como aborda o encontro de dois mundos – o da pobreza versus o de uma riqueza obscena – sem cair em moralismos. vemos ani a desfrutar do luxo que ivan lhe oferece em troca de sexo e companhia. vemos a ligeireza e indiferença com que ivan trata todos os adultos à sua volta.
e é quando os adultos começam a aparecer na história, quebrando a bolha onde os recém-casados vivem, que anora vai para território bastante mais interessante, nomeadamente a luta de classes e o confronto entre a arrogância capitalista e a dignidade daqueles que têm muito menos.
o elenco é muito bom, com destaque para a protagonista e o grupo de “mafiosos” que é enviado para forçar a dissolução do contrato de casamento.
o final do filme é memorável e tem uma das melhores cenas, se não a melhor, de anora. é um dos pontos altos de um excelente filme, e o que fica connosco, após o rescaldo.
no festival de cannes de 2024, o filme recebeu a palma de ouro.
é ainda um dos favoritos na corrida aos óscares [2025], com seis nomeações, incluindo melhor filme, melhor realizador e melhor actriz. pessoalmente, é um dos meus favoritos, a par com a substância, para melhor argumento original.
Imagens: Google Search Images
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