[ muito bom ]
título original. the assistant.
género. drama.
duração. 1h 27min
ano. 2019
realização e argumento. kitty green.
protagonistas. julia garner. owen holland. tony torn. matthew mcfayden. patrick wilson.
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o movimento social #metoo varreu o mundo no final de 2017, servindo para denunciar e partilhar situações de assédio e abuso sexual no local de trabalho.
a expressão rapidamente se tornou viral nas redes sociais, maioritariamente usada por mulheres em todo o mundo, ilustrando um cenário de situações que raramente viram os autores condenados - várias das alegadas vítimas viram as queixas arquivadas e muitas nunca iniciaram o processo junto das autoridades.
um dos episódios mais visíveis está ligado à área do entretenimento, com hollywood no centro de vários relatos, o mais emblemático sendo o de harvey weinstein, condenado a 25 anos de prisão depois de ser acusado por mais de oitenta mulheres.
durante o julgamento, vieram à luz factos que apontaram para o envolvimento de vários funcionários de harvey weinstein que "facilitariam" os abusos.
the assistant é um filme sóbrio, que segue um dia no trabalho de uma assistente de produção, o seu chefe uma alusão mais ou menos subtil à figura do produtor de cinema agora encarcerado.
durante o julgamento, vieram à luz factos que apontaram para o envolvimento de vários funcionários de harvey weinstein que "facilitariam" os abusos.
the assistant é um filme sóbrio, que segue um dia no trabalho de uma assistente de produção, o seu chefe uma alusão mais ou menos subtil à figura do produtor de cinema agora encarcerado.
Fonte: imdb.com |
jane, a personagem interpretada por julia garner está em todas as cenas do filme - e que papelão por parte de garner!
o filme abre justamente com ela a sair de casa de madrugada e a chegar ao escritório, ainda vazio, acendendo as luzes e ligando algumas máquinas.
o filme abre justamente com ela a sair de casa de madrugada e a chegar ao escritório, ainda vazio, acendendo as luzes e ligando algumas máquinas.
o tom cinzento e desumanizante é uma constante ao longo de todo o filme, enquanto vemos a assistente a preparar refeições, a coordenar horários, a fazer telefonemas, ler guiões e até a limpar o escritório do chefe.
uma de três assistentes, é ela que faz todas as tarefas menores mas também as mais stressantes. ouve gritos e reprimendas, há zero agradecimentos e zero sorrisos. é claramente um ambiente tóxico, liderado por um predador.
é nesse cruzamento que o filme assume contornos inquietantes, com kitty green a criar tensão com mestria a cada pequena escolha que jane tem que fazer. uma realizadora a ter debaixo d'olho, na minha opinião.
uma de três assistentes, é ela que faz todas as tarefas menores mas também as mais stressantes. ouve gritos e reprimendas, há zero agradecimentos e zero sorrisos. é claramente um ambiente tóxico, liderado por um predador.
o escritório é um corropio de gente, nomeadamente de jovens actrizes com entrevistas no gabinete do produtor mas também na cidade, em hotéis. várias coisas são percebidas entrelinhas e há sempre algo a acontecer, apesar do tom quieto do filme.
há uma cena em particular, quando jane contacta alguém dos recursos humanos, onde é claro que o que acontece não é produto da imaginação dela, mas algo que algumas (todas?) pessoas preferem não discutir.
li num artigo que the assistant deverá ser visto como banal, um retrato do quotidiano de tantos trabalhadores por esse mundo fora, com contornos específicos da área do cinema; a realizadora e argumentista kitty green terá falado com várias pessoas da indústria e ouvido inúmeras histórias para compor o argumento, que queria o mais realista possível.
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. don't worry. she'll get more out of it than he will. trust me .
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. don't worry. she'll get more out of it than he will. trust me .
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