domingo, 7 de dezembro de 2025

madame de joncquières

  

 [ muito bom ]

título original. .
género. drama. romance.
duração. 1h 49m
ano.
2018
realizaçãoemmanuel mouret.
argumentoemmanuel mouret. denis diderot (livro).
 
protagonistas.
cile de france. edouard baer. alice isaaz. laure calamy. natalia dontcheva. arnaud dupont. juliette mourant.

sinopse. um aristocrata libertino persegue romanticamente uma viúva, que resiste aos seus avanços. [imdb]
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baseado num excerto do livro jacques, o fatalista e o seu amo, de denis diderot, o argumento de madame de joncquières é uma adaptação elegante pela mão de emmanuel mouret (a arte de amar; três amigas).

a narrativa segue a marquesa de la pommeraye, uma mulher culta e racional, que se envolve com o libertino marquis des arcis, que a tenta seduzir desde sempre. 

quando este a abandona, a marquesa planeia uma vingança: recruta uma jovem
cortesã para se fingir pia, seduzir e casar com o marquês.

 
a acção decorre no século 18 francês, com um retrato visual que privilegia os trajes e o conforto aristocrático, com conversas mundanas acerca de honra e sentimentos nobres em jardins imensos.

a mise-en-scène reforça a moralidade performativa da época: muita fachada e teatro social, que lembra o universo libertino e crítico que também aparece na obra de laclos (que publicou o romance epistolar ligações perigosas em 1782, adaptado ao cinema em 1988 por stephen frears).

tal como em ligações perigosasas relações amorosas em madame de joncquières transformam-se em campos de batalha, onde uma elite indolente seduz como forma de poder, corroída por vaidade e teatralidade social

madame de joncquières serve de comentário às falhas de uma sociedade onde a racionalidade é pura estratégia social e onde a virtude é transacional. o filme, apesar de visualmente delicado, é implacável no diagnóstico das relações humanas. 

sou fã do filme de stephen frears com j. malkovich, m. pfeiffer e g. close; gostei muito deste.

Imagens: Google Search Images

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marquis ! votre imagination me surprendra toujours. une jeune femme, embarrassée par votre insistance, lève une paupière et vous brodez des rêveries extraordinaires. vous, l'homme de raison. vous, l'épicurien, qui croyez que nous ne sommes qu'un amas d'atomes .
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sábado, 22 de novembro de 2025

the disappearance of josef mengele

 

 [ muito bom ]

título original. .
género. drama. biografia.
duração. 2h 15m
ano.
2025
realizaçãokirill serebrennikov.
argumentokirill serebrennikov. olivier guez.
 
protagonistas. august diehl
. david ruland. max bretschneider. dana herfurth. friederike becht. burghart klaussner. falk rockstroh. tilo werner. annamária láng.

sinopse. a história do infame médico nazi josef mengele, durante os anos em que esteve foragido. [imdb]
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baseado no livro homónimo de olivier guez, vencedor do prémio renaudot em 2017, o filme the disappearance of josef mengele reconstrói os anos de fuga do médico nazi conhecido como o “anjo da morte”. 

após a queda do terceiro reich, mengele refugia-se na américa latina, sob identidades falsas, ajudado por ex-camaradas e cúmplices.

o filme começa por mergulhar-nos numa autêntica polifonia linguística, onde nos mantém: ouvimos o alemão, o espanhol, o português, o inglês e o italiano, ao sabor do trânsito de identidades, cúmplices e fronteiras que contribuíram para a falta de castigo de mengele. 

essa diversidade linguística não é apenas factual, é ainda simbólica, mostrando como o mal pode adaptar-se, mudar de idioma e continuar a falar com voz humana.

em termos visuais, o filme adopta um estilo contido e sombrio. 

as paisagens — da cosmopolita buenos aires às fronteiras do paraguai e do brasil — evocam a humidade da selva sul-americana e a claustrofobia de uma fuga permanente.

a interpretação estelar de august diehl (inglourious basterds - sacanas sem lei; the king's man) dá ao protagonista os ares e falas de um homem disciplinado, frio, meticuloso — um funcionário da morte que continua a justificar-se com frases burocráticas e racionalizações técnicas, longe do monstro mitificado que transforma o terror em rotina.

 

o filme explora, assim, a “banalidade do mal”. esta teoria, desenvolvida pela filósofa hannah arendt no livro eichmann em jerusalémmostra que as pessoas comuns podem cometer actos extremos, um tema abordado em livros e filmes há décadas. 

arendt viu em eichmann um burocrata obediente, ambicioso e incapaz de pensar criticamente. o mal torna-se “banal” quando é executado sem reflexão moral ou consciência do outro — "um mal sem profundidade", que este filme sobre mengele ilustra de uma forma notável e arrepiante.

Imagens: Google Search Images

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you should be proud to host an outstanding scientist of the third reich !
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