domingo, 23 de janeiro de 2011

mar adentro


título original.
MAR ADENTRO 

realização. alejandro amenábar.
argumento.
alejandro amenábar. mateo gil.
protagonistas. javier bardem. belén rueda. lola dueñas.


género.
drama. biografia.
duração. 125 min
ano.
2004


sinopse.
há 30 anos que ramón sampedro luta pelo direito à eutanásia; é um tetraplégico preso a uma cama, cuja única janela para o mundo é a do seu quarto, perto do mar.


avaliação [ muito bom ]

crítica. um
dos filmes-sensação de 2004, realizado pelo realizador-prodígio alejandro amenabár, é um impressionante exercício cinematográfico, tocante, comovente, desarmante. aos 26 anos, ramón sampedro, um grande amante do mar, calculou mal a profundidade da água e mergulhou num baixio, fracturando o pescoço. a partir desse dia, e durante 29 anos, viveu paralisado do pescoço para baixo.

viveu uma existência que não desejava e lutou pelo direito de pôr termo à sua vida. este homem extraordinário (apesar de todas as suas arestas) continuava a ter uma mente e uma voz, e usou-as extensivamente na defesa da sua causa: a vida é um direito, não uma obrigação. se há algo que se pode dizer de ramón – um marinheiro que correu mundo e sempre teve sucesso com as mulheres - é que foi um soldado incansável, determinado até ao fim, mesmo quando tinha contra si grandes figuras do ordenamento jurídico espanhol, líderes religiosos, activistas conservadores… e o seu próprio irmão.

nunca se conformou com a sua situação, nunca quis deixar de morrer, nunca aceitou viver como tetraplégico, e, na impossibilidade de atingir o objectivo por si próprio, requereu a ajuda de outros, outros esses que foram muitos e que se consubstanciam em 4 mulheres: gené, rosa, julia e manuela, amiga, simpatizante, advogada e cunhada, respectivamente. são elas que lutam pela causa de ramón, amparando, auxiliando na sua demanda, admirando, amando. a forma como se entre-relacionam é fantástica e deve ser vista com particular atenção, principalmente a de ramón e julia, retratado de uma maneira avassaladora.


pessoalmente, creio que é redutor ver o filme como uma apologia da eutanásia. é, antes de mais, a história verídica (com uma pitada de ficionalização) do galego ramón sampedro e o seu grito de revolta contra uma sociedade que o «condena a viver».

obviamente que é fácil perceber de que lado da barricada se encontra amenabár e se tivermos em conta a forma caricaturada como é retratada a ‘defesa da vida’, na pessoa de um clérigo, isso é flagrante. à medida que vamos mergulhando em mar adentro, interiorizamos ramón, compreendemo-lo melhor, à sua inteligência, ao seu humor acutilante, à sua determinação e sensibilidade.

todo o elenco é espantoso e para lá de compentente, mas javier bardem brilha muito e bem alto. servindo-se apenas da voz e do rosto, bardem transmite-nos uma miríade de sensações. os diálogos são soberbos e a banda sonora original alterna com maravilhosas peças de beethoven e puccini, que tocam incessantemente na aparelhagem de ramón, elevando-nos a outra dimensão.

na retina fica a cena mais poderosa do filme: o jovem e viril ramón na praia, preparando-se para mergulhar, deita uma olhada rápida à namorada que se estende ao sol; o mar recua e ele dá o impulso que há-de alterar para sempre a sua vida. ouvimos o pescoço a fracturar, vemos o corpo a boiar, a sua voz de narrador a dizer que a sua vida devia ter cessado ali. e finalmente o par de braços fortes que o retiram da água e o lançam no inferno que será a sua vida por quase 30 anos.
sublime.

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Mar adentro, mar adentro...y en la ingravidez del fondo, donde se cumplen los sueños, se juntan dos voluntades para cumplir un deseo. Un beso enciende la vida con un relámpago y un trueno, y en una metamorfosis mi cuerpo no es ya mi cuerpo, es como penetrar al centro del universo, al abrazo más pueril y al más puro de los besos, hasta vernos reducidos en un único deseo: tu mirada y mi mirada como un eco repitiendo sin palabras: más adentro, más adentro, hasta el más allá del todo por la sangre y por los huesos. Pero me despierto siempre y siempre quiero estar muerto para seguir con mi boca enredada en tus cabellos.

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